Quebrando o Silêncio

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O amparo após o abandono é o melhor remédio

Ao ser abandonada, a criança leva traumas para toda a vida. Com carinho e amor ainda é possível reverter esse quadro.   Era ano o ano de 1968, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Na época, a caçula de três irmãos, Ana Lúcia Veiga tinha dois anos de idade quando seus pais se […]


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Ao ser abandonada, a criança leva traumas para toda a vida. Com carinho e amor ainda é possível reverter esse quadro. Foto: Amanda Flores

Ao ser abandonada, a criança leva traumas para toda a vida. Com carinho e amor ainda é possível reverter esse quadro. Foto: Amanda Flores

Ao ser abandonada, a criança leva traumas para toda a vida. Com carinho e amor ainda é possível reverter esse quadro.  

Era ano o ano de 1968, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Na época, a caçula de três irmãos, Ana Lúcia Veiga tinha dois anos de idade quando seus pais se divorciaram e sua mãe a levou, juntamente com seus irmãos, para São Paulo a fim de morar com sua avó materna. Apesar de pequena, Ana Lúcia sentia que algo não estava bem. Logo que chegaram à capital paulista, sua mãe deixou os filhos aos cuidados da avó e foi viver a sua vida, pois achava que era nova demais e precisava aproveitar sua juventude.

No entanto, a avó de Ana Lúcia não permitiu essa situação. Ela disse à filha que precisava criar juízo e cuidar de seus próprios filhos. Sem saber o que fazer, a mãe de Ana Lúcia volta a Porto Alegre, entrega os quatro filhos ao ex-marido e volta a São Paulo.

Hoje Ana Lúcia tem 44 anos e sente muito pelo o que aconteceu. “Como era pequena, não me lembro de quase nada, mas depois que cresci ouvi várias histórias, mas uma coisa eu sei, depois que minha mãe foi embora fiquei muito doente. Meu pai, muitas vezes, me teve como morta em seus braços”, relata.

Durante muito tempo, Ana Lúcia se perguntava o porquê do abandono. “Não ter uma mãe foi muito traumático, mas pior ainda foi crescer e descobrir mais coisas negativas”, desabafa. Atualmente, a mãe dela ainda reside em São Paulo, tem família, porém, continua hesitando  contato com os filhos. “Eu tive vários contatos por telefone com ela, mas minha mãe nunca aceitou visitá-la.”

Atualmente Ana Lúcia diz ter recuperado o trauma, mas confessa que não foi nada fácil. “A partir do momento que perdoei fui melhorando, mas foram anos difíceis”, conta.

Com a explicação da psicóloga Daniela Antória pode-se entender o que Ana Lúcia passou durante a infância. “Sensações de baixa-autoestima, ansiedade, insatisfação e insegurança podem ser relacionadas com a sensação de abandono, ou seja, falta da relação de afeto estabelecida no convívio, pelo compromisso e com carinho incondicional”, descreve.

Apesar do abandono por parte de um dois pais ou pelos dois, segundo Daniela, ainda é possível recuperar a autoestima e outros sentimentos através do amor e atenção. “De modo geral as consequências psicológicas, dependem da forma como a criança é acolhida depois do abandono, pois a idade da criança abandonada é um fator muito importante, visto que as pessoas que cuidam da criança podem contribuir com sua saúde emocional”, assegura a psicóloga.

Até hoje Ana Lúcia não entende por que foi abandonada. Daniela diz que os fatores são os mais diversos. “As crianças cada vez menos são cuidadas na família, o compromisso com a família vem sendo substituído por outros interesses. E aos poucos as informações de abandono de crianças confirmam o perfil de quem às abandona: jovens adolescentes,  mulheres com a saúde mental comprometida, mulheres em situação de risco eminente, além das impossibilidades causadas pela miséria”, aponta algumas possibilidades.

 

Em consequência do abandono, Daniela mostra que as sequelas podem ser levadas para a vida adulta. “Pode-se perceber que existe essa possibilidade, pois a ausência da segurança afetiva também irá construir a identidade da pessoa”, finaliza. [Equipe ASN, Vanessa Lemes]

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