Bullying em casa

Bullying em casa

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shutterstock_210627922As relações familiares exercem uma forte influência sobre o desenvolvimento da autoimagem, do autoconceito e da autoestima de qualquer pessoa. É nas relações mais íntimas que estabelecemos desde a infância, que aspectos importantes de nossa personalidade, caráter, hábitos e saúde mental são desenvolvidos.

Que influências poderiam ocorrer sobre a mente de uma pessoa que experimentou intimidação e bullying, na infância, dentro do próprio lar? Um estudo longitudinal realizado por pesquisadores do Reino Unido e publicado em Setembro de 2014 na revista científica Pediatrics decreve algumas das influências que ocorrem na saúde mental de crianças que foram expostas a este tipo de violência.

Os pesquisadores investigaram o desenvolvimento de depressão, ansiedade e comportamentos de automutilação em jovens de 18 anos que quando tinham 12 anos haviam respondido em um estudo que sofriam bullying em seu lar, praticado pelos irmãos. Estas crianças que haviam relatado sofrer bullying, sofriam mais comumente agressões não físicas, tais como ser chamado por determinados nomes (23,1%) ou ridicularizados por seus irmãos (15,4%) várias vezes na semana. Não houve diferença entre o tipo de bullying praticado contra meninos e meninas. Apenas verificou-se que havia mais meninas que meninos entre as vítimas de bullying feito por irmãos.

De acordo com os resultados obtidos, aqueles que foram freqüentemente intimidados na infância eram aproximadamente duas vezes mais propensos a ter depressão, ansiedade e comportamentos de automutilação do que aqueles que não sofreram intimidação/bullying pelos irmãos na infância. O assédio moral freqüente, praticado por um irmão, foi associado com classe social mais baixa e com níveis mais altos de depressão materna durante a gravidez. Segundo os pesquisadores, o bullying de irmãos tendem a ocorrer em famílias com níveis maiores de violência doméstica e maus tratos à criança.

Pais e mães podem não intervir nestes casos, nem buscar auxílio para a vítima, pois muitas vezes são eles também agressores. Contudo, parentes, professores e adultos que convivem com estas crianças têm um importante papel a desempenhar, intervindo para prevenir danos futuros à saúde mental destas crianças. Além da denúncia, buscar auxílio profissional para estes casos é essencial. Medidas de combate ao bullying dentro do lar devem ser adotadas e, para isto, é importante compreender de onde vem o comportamento agressivo de quem pratica o bullying e o que o mantém. É esperado que este agressor seja, também, vítima em alguma circunstância.