Quebrando o Silêncio

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Consumo de pornografia é fator de risco para a perpetuação de práticas violentas contra a mulher

Para alguns estudiosos, a desigualdade de gênero se apresenta de forma bem clara nos filmes de conteúdo pornográfico. Em geral, o foco destes filmes esta na satisfação dos desejos sexuais masculinos; homens e mulheres são representados com uma desigualdade notável de status (eles sendo representados através de figuras de poder, como homens de negócio, por […]


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Para alguns estudiosos, a desigualdade de gênero se apresenta de forma bem clara nos filmes de conteúdo pornográfico. Em geral, o foco destes filmes esta na satisfação dos desejos sexuais masculinos; homens e mulheres são representados com uma desigualdade notável de status (eles sendo representados através de figuras de poder, como homens de negócio, por exemplo, e elas em posição de subserviência); as mulheres são ilustradas como estando disponíveis para o sexo, com qualquer parceiro, ou múltiplos parceiros, e quando há resistência feminina, esta se dá de forma simbólica (uma resistência que finaliza com a satisfação da mulher, o que colabora para a perpetuação da ideia de que a mulher, se forçada ao ato sexual, sentirá prazer). A agressão, física e verbal contra a mulher, aparecem nestes filmes como regra, e não como excessão.

Um percentual muito alto de homens (jovens e adultos) consomem pornografia. Que tipo de influência este conteúdo poderia ter sobre estes expectadores?

Estudos mostram que o consumo de pornografia, com ou sem conteúdo de violência, possui associação estatística com a agressão sexual. Ainda que inicialmente a pornografia consumida não possua conteúdo violento, este consumo provoca uma aumento de demanda de materiais cada vez mais apelativos, com o objetivo de gerar o mesmo nível de excitação experimentado anteriormente no consumo de materiais mais “leves”. Consumir pornografia (violenta ou não) também provoca um aumento de crenças distorcidas sobre sexualidade, a desvalorização do casamento e da monogamia, o aumento de experiências negativas nos relacionamentos, o risco aumentado para a perpetração de agressão sexual e a trivialização do estupro, assim como a culpabilização da vítima. Estudos internacionais encontraram relação entre consumo de pornografia e atitudes sexistas e pró-estupro. Você pode ler sobre estes e outros estudos, com mais detalhes, no artigo “Pornografia, desigualdade de gênero e agressão sexual contra mulheres”.

Todos esses dados encontrados em estudos apontam para uma relação e não para uma determinação de que todo consumidor de pornografia irá perpetuar práticas de violência contra a mulher. É claro que existem outras variáveis relacionadas ao comportamento violento. O que se nota é que o consumo de pornografia aparece nesses e outros estudos como um fator de risco para a perpetuação dessa práticas violentas. E se é um fator de risco, é algo que devemos combater.

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