A maioria dos casos de abuso sexual infantil ocorre no núcleo familia. Previnir essa realidade está em nossas mãos.
Fechar portas e janelas, ativar alarmes e instalar grades e câmeras de monitoramento são medidas importantes para preservar a segurança de uma casa. Mas o que deve ser feito para proteger física e emocionalmente as pessoas que vivem em nosso lar, especialmente as crianças e adolescentes? Sem dúvida, a família é o nosso maior patrimônio e precisa ser protegida das ameaças que, às vezes, estão mais perto do que se imagina.
Depois de assistir a uma palestra sobre abuso sexual, Joana (nome fictício), de 57 anos, pediu para conversar com a palestrante. Entre soluços, ela contou que, dos 9 aos 14 anos, havia sido vítima desse crime. Um cunhado, esposo de sua irmã mais velha, tinha livre acesso ao quarto dela todas as vezes que visitava a família nos fi ns de semana. Durante a noite, ele a beijava e acariciava suas partes íntimas.
Desde a primeira vez, Joana pediu ajuda, mas a família ignorou sua fala, alegando que era fantasia da sua cabeça, pois o cunhado jamais procederia daquela forma. Além da culpa, ela carregou as cruéis consequências dessa agressão durante anos. Tinha confusão de pensamentos, baixo rendimento no trabalho, crises de pânico, sérios problemas no relacionamento sexual com seu esposo, além da sensação de abandono por sua própria família, que não a protegeu.
Com ajuda profissional, Joana está vivenciando um processo de restauração e cura. Sim, mesmo quando o pior acontece, é possível superar os profundos traumas do abuso sexual. Deus pode transformar histórias tristes em testemunhos de superação.
JEANETE LIMA é educadora e coordenadora do projeto Quebrando o Silêncio na América do Sul.