Atualmente, diversos esforços são empregados na elaboração de equipamentos e meios que viabilizem o dia a dia de pessoas portadoras de diferentes tipos de deficiência. Empresas, escolas e espaços públicos são modificados para garantir sua acessibilidade. Mas, isso tudo não é suficiente para garantir plena qualidade de vida a essas pessoas.
Pessoas com deficiência também são seres sociais, também gostam de conversar, divertir-se, sentir-se respeitados, amados e capazes. São pessoas que possuem projetos e disposição para realizá-los. São pessoas diferentes, sim, e que possuem muito em comum com os demais.
Infelizmente essas pessoas lidam diariamente com limitações. Limitações que, por muitas vezes, existem apenas na cabeça de quem vive ao seu redor. Preconceito, descrença no potencial alheio e exclusão.
Às vezes, na tentativa de reduzir essas limitações, somos tentados a erguer a bandeira de que somos todos iguais. Não! Não somos todos iguais. Somos diferentes, e não há problema nenhum na diferença. E não precisamos dizer “ele é cego, mas é muito inteligente”, ou “ela é cadeirante, mas é muito ativa”. Nada de “mas”! O que é diferente não precisa de compensação, não precisa de negação da diferença, precisa apenas de respeito e aceitação.
Só é possível garantir acessibilidade aos “portadores de deficiência” ou “portadores de necessidades especiais” (leia como preferir) se reconhecermos e admitirmos as diferenças. Sem diferenças não há necessidade de mobilização. Esse reconhecimento deve vir despido de julgamentos e acompanhado de respeito. Somos todos diferentes. Até os chamados “normais” são diferentes!
Por isso, campanhas como o Quebrando o Silêncio são tão necessárias. Porque elas desconstroem a negação das diferenças ao mesmo tempo que denunciam que preconceito e exclusão também são formas de violência.
Hoje, cadeirantes encontram vagas nas ruas e shoppings para estacionar. Cegos possuem recursos para ler, surdos possuem recursos para ouvir e mudos possuem recursos para falar. Os recursos espaciais, materiais e intelectuais estão cada dia mais acessíveis a essas pessoas. É hora de investirmos na acessibilidade aos recursos humanos! A inclusão inicia na mente de cada um.
Karyne M. Lira Correia é Psicóloga, Mestre em Psicologia.